domingo, 5 de agosto de 2007

Em memória a Humanidade

Somos um sonho divino que não se condensou, por completo, dentro dos nossos limites materiais. Existe, em nós, uma energia interior; um vácuo sentimental e original que nos dá a faculdade mitológica de idealizar todas as coisas. Se fôssemos um ser definido, seríamos então um ser perfeito, mas limitado, materializado como as pedras. Seríamos uma estátua divina, mas não poderíamos atingir a Divindade. Seríamos uma obra de arte e não uma vivente criatura, pois a vida é um excesso, um ímpeto para além, uma força imaterial, indefinida, a alma, a imperfeição.
A vida é uma luta entre os seus aspectos revelados e a energia em que elas se perdem e ampliam até à suprema distância imaginária; uma luta entre a realidade e o sonho, a Carne e o Verbo.
Entre nós, o Verbo não encarnou inteiramente. Somos corpo e alma, verbo encarnado e verbo não encarnado, a matéria e a energia, o esqueleto de pedra e uma luz e sombra que o encobre e ondula em volta dele, e dança aos ventos da loucura...
E aí tendes um pobre tolo sentimental, uma caricatura elegível.
Nesta energia entre as sombras interiores, neste infinito espiritual, vive a lembrança de Deus que alimenta a nossa esperança, e transfigura esse bicho do Demônio, que anda por esses boulevards, vestido à moda ou coberto de farrapos.
Ardemos num incêndio de esperança, para que reste de nós uma lembrança, uma luz que sobe e não se apaga.E uma sombra onde podemos visualizar o nosso ser
Tudo é memória: uma luz leve, em mil viagens animadas; ou densa como a escuridão, em formas inertes e sombrias; e, ao longe, a grande fogueira invisível que os demônios e os anjos se alimentam.
Vivo, porque espero. Lembro-me, logo existo. in "Heder panda VISIONS in my Head"

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