quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A dança dos dragões


O sol brilha mas nunca me queima, o vento sempre foi suave e as montanhas sempre estremeciam quando eu voava próximo a elas. Essa é a minha dança cotidiana, o sol sempre de olho em mim, porem eu nunca de olho nele. 
Uma visão fascinante para mim, sempre foi a forma simples que eu dança entre as nuvens, sem platéia ou testemunhas.

E o amor? Eu sempre fui solitário, as imagens que o amor me traziam, nunca me perturbaram, talvez por não entender perfeitamente isso, eu nunca encontrei palavras para formular minhas dúvidas e no fim disso tudo, eu continuava a olhar somente pra mim mesmo, sorrindo no final das contas.

Porem recentemente um sentimento me invadiu e observei ele com cautela, um estado de espírito completamente diferente do que eu já estava acostumado a sentir, extintivamente, busquei uma ligação disto com a minha origem e a resposta que obtive foi um tanto que intrigante, escamas com tons pretos. É engraçado como esse tipo estranho de sentimento, me faz lembrar eu mesmo. Eu não queria continuar minha busca para desvendar as origens ou os motivos dele aparecer assim, no meio de minha dança noturna. Mas acabei por descobrindo e compreendendo que eu sempre estive enganado e isso fez uma grande diferença para consolidar a aceitação deste sentimento. Resumindo: Estou convencido que estou acompanhado pelo amor, não faz mais sentindo eu continuar a minha dança sozinho.


Então, voei em direção a origem deste sentimento, era necessário reconhecê-lo e encontrar a nascente dele. O caminho foi difícil ela estava escondida em uma cadeia de montanhas que me forçavam a vôos altos e baixos, no percurso, me convencia que essa era a resistência por uma busca de entendimento para esse sentimento. Quando adentrei pelos pântanos e cheguei a origem do sentimento, lá estava ela, revestida de escamas negras, com os olhos brilhando e iluminados pelo fogo que saia de meu corpo, quanto mais me aproximava, sentia como se o meu coração estivesse quase estourando de peito. Então naquele momento aceitei o sentimento que me alcançou nas nuvens, deitei-me dentro do pântano, esfriando o fogo que emanava de minhas escamas e aquecendo a água do lamaçal, que a muitos anos não sentia a intensidade de algo tão transformador. 
Eu fiquei ali parado por um tempo, mas ao perceber que as folhas secas estavam começando a sentir a força do calor e emitiam ondas em minha direção, me levantei e coloquei minhas patas em terra firme, rapidamente o calor e o fogo de espírito retornaram ao estado normal, mas ela ainda ali, me observando com toda a sua escuridão e por fim o sentimento que ela transmitia de seu corpo, invadiu o meu, e então tive lembranças de momentos onde eu tive fraquezas, uma situação desagradável que aprendi a tirar de mim quando não me sentia mais à-vontade ou completamente distante de meu eu. 
Desta vez foi diferente, eu não arranquei de meu corpo como eu já estava acostumado a fazer por puro extinto, simplesmente aceitei a verdade. Deixei que esse sentimento me guiasse em direção a ela, não tenho certeza se o meu sentimento a alcançava, mas como tudo neste universo é uma troca, eu acreditava que sim. De repente um rugido, ele estava preso dentro de mim a mil anos e se manifestou naquele momento, espantando todas as criaturas num raio de 50 km. O meu corpo estava leve. 
Toda aquela situação era um mistério, nada era como eu imaginava, e acabei me entregando aquele sentimento. Talvez a chave para isso tenha sido a minha escolha, deixei esse sentimento correr livremente por meu corpo até fundir-se com a minha essência. Em momento algum vou duvidar do que está acontecendo, porque para um dragão a verdade primordial é sempre um ato de extrema verdade.

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